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Inimigos (e o Povo?)

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Apresentações:

_YouTube da Penélope Cia de Teatro - Abril/2021

Direção: Alexandre Krug, a partir 

Dramaturgia: Alexandre Krug (a partir da ideia original de David Carolla e Felipe Romon)

Elenco: Andre Capuano, Cilá Fonseca, David Carolla, Demian Pinto, Erika Coracini, Liz Mantovani, Rafael Caldas, Rafael Carvalho

Direção Musical e Trilha Sonora: Felipe França

Consultoria de Cenário e Figurino: Mário Deganelli

Edição: Marx Deganelli

Arte Gráfica: Marx Deganelli

Assessoria de Imprensa: Fabio Câmara

Social Mídia: Kyra Piscitelli

Produção: David Carolla

A peça se passa em uma grande assembleia virtual online em que os habitantes precisam decidir o que fazer a respeito de uma grave denúncia sobre a situação sanitária da comunidade. Apoiar o Dr. Estevão, que afirma que as águas estão envenenadas ou confiar no seu irmão Pedro, o prefeito, que garante que está tudo sob controle e que a cidade pode ter sua economia arruinada pelo alarmismo? A população da cidade quer dar sua opinião e participar da decisão, mas tem dificuldade de ponderar entre os seus pensamentos e seus interesses, as informações vindas da mídia, as relações sociais e as políticas virtualizadas, em uma parábola dos dias atuais

Para essa montagem virtual o diretor Alexandre Krug equilibrou o destaque entre os personagens centrais da obra (Médico, Prefeito, Imprensa) e a participação da população, conferindo um protagonismo maior aos cidadãos, numa alusão direta ao público, fomentando assim a discussão sobre a não isenção de cada indivíduo frente ao conflito coletivo. Apesar de meio virtual online, a linguagem da peça continua centrada no trabalho do ator, em sintonia com dramaturgia. 

Da obra original, o recorte recai sobre a cena da Assembleia, onde o problema central é discutido e conduzido frente ao povo de maneira tendenciosa, transformando-a numa espécie de “tribunal”, onde o povo é juiz e no fundo também réu, compartilhando com os “protagonistas” a responsabilidade sobre os acontecimentos. 

Vislumbra-se a possibilidade de uma democracia participativa, como solução para uma representatividade que já não dá conta do real, mas em vez de um democrático "ajuste coletivo para resolução de um problema", este "julgamento" acaba, como distorção de democracia, em condenação e vingança sobre quem destoa do discurso reinante.

As contradições de discurso e mudanças de posicionamento segundo interesses, a confusão e o ruído na comunicação mediada por redes, a banalização e distorção do conceito de “cidadania”, vão contaminando a discussão sobre o bem comum, conduzindo a uma situação volátil, polarizada, ressentida e irrefletida, onde a tônica é invalidar as ideias do outro para benefício próprio, sem avaliar as possíveis consequências para si e o coletivo. No auge, incapaz de se comunicar, desata-se a soberba e o elitismo do cientista protagonista sobre o povo que ele supostamente queria ajudar.

Com cenários e figurinos criados por cada ator em sua residência ou local de trabalho, a grande Assembleia virtual dará conta de uma multiplicidade de tipos e ambientes, um microcosmo da sociedade com suas classes e categorias. Cenas em flashback​, como perturbações encravadas na ordem vigente, conferem variações de tempo e espaço que contribuem para o acirramento final de um desenlace absurdo e inesperado.

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