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A Penélope Cia. de Teatro

A Penélope Cia de Teatro iniciou sua trajetória em 2010 com os ensaios de seu primeiro espetáculo Penélope Vergueiro, com direção e dramaturgia de Carlos Canhameiro, que estreou em 2011, no Centro Cultural São Paulo. O espetáculo, inspirado em um incidente presenciado na Rua Vergueiro em 2005, destrincha o acontecimento amoroso e os seus desdobramentos, transformando um fato cotidiano caótico, um acidente de carro e sua narrativa, em possibilidade e olhares diversos sobre a mesma mulher e o seu amor vivido.

Teatro

Desde o início a pesquisa da Cia pautava-se no desejo de explorar os limites da performance no encontro cênico entre palco e plateia, impulsionada pela dança como base de movimento, e pelas narrativas em fragmentos. O espetáculo convida o espectador a vivenciar com os atores a narrativa decomposta em imagens e ações, que o levam a entrar e sair da história. Queríamos investigar a possibilidade de ampliar os significados das ações e imagens, de maneira que o espectador encontrasse, ele mesmo, os sentidos do que vivenciava ali. A importância que esse processo de expansão da pesquisa sobre a narrativa teve para as integrantes do núcleo acabou por dar o nome atual da Penélope Cia de Teatro.

 

Em 2013, estreamos Sem Palavras, segunda criação da Cia; um espetáculo itinerante criado a partir dos contos “A menina sem palavra” e “A luavezinha”, do moçambicano Mia Couto, com dramaturgia de Alexandre Krug. O espetáculo conta a história de um pai, que narra histórias para sua filha, que sempre custa a adormecer, obrigando-o a contar mais e mais histórias. Para fazêla dormir, inventa-lhe a estória de uma menina que não ‘palavreia’, fala sem palavras, através de sons e sílabas desconexas, para desespero do pai e da família. Através de um contínuo contar de histórias, esse pai-narrador se vê aos poucos personagem, envolvido no próprio narrar, no fluxo e refluxo de heranças, tradições e renovações que ele mesmo e sua filha encarnam. Neste processo a Penélope Cia de Teatro quis mergulhar ainda mais na linguagem de um teatro performativo: por meio de uma linguagem híbrida e imagética, que estabelece diálogos entre o teatro, a dança e o vídeo, colocamos em questão as relações entre o contemporâneo e a ancestralidade, o cotidiano e a memória, a privação e a busca pela liberdade. A peça acontece de forma itinerante dentro de uma casa e tem o corpo do ator como tônica do trabalho e alimento para a criação de imagens da narrativa em fragmentos, ao mesmo tempo em que uma dramaturgia rica em neologismos (aspecto característico da escrita do autor) dá a estrutura, lançando o estranhamento e um olhar ‘novo’ sobre as ações, e contrapondo às imagens a energia da palavra – a palavra como movimento, uma dança. O espectador navega incitado pelas imagens oferecidas ao seu olhar e à sua escuta pela narrativa, uma viagem amplificada pela linguagem da música, a dança, e o vídeo.

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Sem Palavras propõe um público participativo e ativo e entende o acontecimento cênico como uma celebração coletiva em movimento. E é assim, seguindo a toada deste último espetáculo, que queremos aprofundar a relação com esta celebração e o espaço em que ela se dá: sempre de maneira processional, desacomodada, para reafirmar que a vida - narrativa fragmentada - é esta sobreposição de pensamentos, imagens, espaços, sons e tempos que vão imprimindo aprendizados e liberando nossos corpos das formas e fórmulas. A Penélope Cia de Teatro, seguindo sua pesquisa desses últimos espetáculos, tem o desejo de aprofundar-se no ator que siga esse pensamento, o ator de corpo-presente, disponível ao jogo com o tempo-espaço que ocupa, poroso aos acontecimentos a sua volta, um corpo que conta uma ou mais histórias – um corpo narrador. O foco é no aqui-e-agora do corpo que narra com ou sem voz, queremos continuar a pesquisar possibilidades de criar signos e potências que não somente os sugeridos pelas narrativas e pelo texto dramatúrgico.

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